Você sabe a diferença entre Sinestésico e Cinestésico? Aprenda a distinguir esses termos e descubra como esses conceitos podem mudar a sua percepção de mundo!

Apesar de ser palavras tão parecidas e foneticamente iguais, na prática elas são bem diferentes.

Inicialmente vamos abordar as diferenças entre sinestesia e cinestesia e na parte final iremos nos dedicar sobre os canais de percepção sensorial e os cinestésicos.

Significado de Sinestésico ou Pessoa com Sinestesia

A sinestesia parece ser mais comum do que se pensa. Estudos recentes mostram que entre 2% a 5% da população mundial ou cerca de 1 a cada 20 pessoas apresentam esta característica.

Estimar o número exato de pessoas sinestésicas é desafiador. Existem diferentes tipos de sinestesia e a experiência sinestésica pode variar em intensidade e manifestação entre as pessoas.

Além disso, nem todas as pessoas sinestésicas têm consciência de sua condição, por exemplo, antes era comum pensar que ocorria mais com mulheres do que em homens.

Contudo a psicóloga britânica Julia Simner, da Universidade de Edimburgo na Escócia, chegou a uma conclusão interessante.

Que a sinestesia é uma condição genética ligada a pelo menos 3 cromossomos, porém não está ligado ao cromossomo sexual, ou seja, ao par XX ou XY.

Portanto a incidência entre homens e mulheres é quase igual, mais equilibrado do que se pensava.

A pessoa com sinestesia vê o mundo de uma forma bem peculiar. Há cerca de 60 tipos diferentes de sinestesias que já foram relatadas.

Talvez o caso mais comum são pessoas que enxergam cores diferentes em números, letras, dias da semana e meses.

Ainda outras conseguem por meio do olfato sentir sons. Tem o caso de um sinesteta que ao sentir um odor ruim começa a ouvir barulhos fortes, como se alguém estivesse fazendo muito barulho.

Um outro caso de sinestesia é a “cromestesia”, ouvir sons em cores ou ver cores em sons.

Sinestésico Pode Ouvir em Cores, Diferente do Cinestésico

O Correto é Sinestesia ou Cinestesia? Sinestésico ou Cinestésico?

Existe uma diferença grande entre sinestesia e cinestesia. Apesar que em português falamos as duas palavras da mesma maneira e ao escrever a diferença é de apenas uma letra.

Porém, qual é a diferença entre sinestesia e cinestesia?

Significado de Sinestésico

  • O Sinestésico tem a ver com aquele que é “sensorial”, ou seja, aquele que é capaz de fundir ou misturar diferentes sentidos humanos.
  • Algumas pessoas sinestésicas conseguem ouvir um movimento visual (audição + visão);
  • Conseguem sentir cheiro vendo alguma imagem (olfato + visão);
  • Sentir gosto ou sabor de uma imagem visual (paladar + visão);
  • Ainda outros conseguem visualizar cores ao ouvir uma música (visão + audição).

Significado de Cinestésico

  • O Cinestésico tem a ver com a percepção dos movimentos corporais ou musculares.
  • Uma pessoa cinestésica processa melhor as informações através do movimento ou do toque.
  • Por exemplo, ao se comunicarem precisam tocar o seu ouvinte.
  • O cinestésico corporal aprende melhor movimentando-se, tocando ou mexendo nas coisas.

Portanto podemos dizer que o Cinestésico é também, de certa forma, um Sinestésico.

O Cinestésico aprende melhor através do toque, por meio do contato humano ele consegue ouvir melhor a informação (tato + audição).

Isso é um exemplo de mesclar diferentes sentidos, que ocorrem tipicamente com Sinestésicos.

Você é Sinestésico ou Cinestésico?

Por que o Sinestésico Mistura Sensações?

Até hoje ainda não se sabe o motivo disso acontecer. Existem diversas pesquisas a respeito mas nenhuma foi conclusiva.

Acredita-se que fatores genéticos desempenham um papel importante, pois a sinestesia pode ser encontrada em famílias, porém não quer dizer que os filhos vão manifestar o mesmo tipo de sinestesia que os pais.

Muitos estudos mostram que a sinestesia é frequentemente identificada desde criança, quando elas começam a expressar e descrever suas experiências sensoriais de maneira mais articulada.

Dessa forma Jonh Harrison e Simon Baron-Cohen, da Psiquiatria e Psicologia Experimental da Universidade de Cambridge, nos Estados Unidos, defende uma tese.

De que somos todos sinestetas, em média até os três meses de idade. Os neurônios são definitivamente separados por uma camada de gordura chamada mielina até os seis primeiros meses de vida.

Porém a condição neurológica dos sinestésicos é que a mielina aparece em menor grau, dando origem a essa hipersensibilidade. Como se fosse um fio com baixo isolamento, que resulta de um sentido interferir no outro.

Essa conexão cruzada permite que as informações sensoriais sejam processadas de maneira integrada, resultando na mistura ou sobreposição de sensações.

Além disso, outros pesquisadores acreditam que o poder de associação dos sinestésicos é muito maior do que a maioria.

Quando aprendemos algo novo, a nossa mente costuma fazer uma associação com algo aprendido anteriormente.

Porém os sinestésicos conseguem fazer isso de uma forma muito mais relevante, misturando conceitos com sensações.

Sinestésico é diferente de Cinestésico

Exemplos Práticos de Pessoas Sinestésicas

Por exemplo, um sinesteta talvez veja a letra B em azul, o R em vermelho e o Y em amarelo.

Isso devido a associação da letra, com primeira letra de cada cor (em inglês): Blue (azul), Red (vermelho) e Yellow (amarelo).

A pessoa com sinestesia enxerga literalmente várias cores ao ler um livro. Quando estão diante de números, letras, dias da semana e meses, conseguem associar cada um, com uma cor diferente.

Além disso, o poder de associação deles é num grau muito maior que o nosso, inclusive constatou-se que a memória deles é maior que a média da população.

Veja este exemplo:

SSSSSSSSSSSSSSSSS5SSSSS

Viu algo de diferente?

A maioria da população só enxerga que tem o número “5” no meio de várias letras “S” depois de olhar mais atentamente.

O Sinestésico consegue ver desta forma:

SSSSSSSSSSSSSSSSS5SSSSS

Portanto, o sinestésico tem um tempo de reação muito mais rápida, em perceber a diferença, do que a maioria das pessoas.

Apenas salientando que cada sinestésico faz sua própria associação de cores.

Neste caso associamos a letra “S” com o vermelho e o número “5” com o azul.

Porém a pessoa com sinestesia faz isso do seu próprio modo, usando suas próprias cores.

Muito diferente de uma pessoa daltônica. O daltonismo é um distúrbio da visão em que a pessoa tem dificuldade em distinguir certas cores, por exemplo, não consegue diferenciar o vermelho do verde.

Podemos dizer que tanto o Disléxico como o Sinestésico, são pessoas muito criativas pois tem uma visão de mundo diferente das pessoas “normais”.

Porém uma pessoa com Dislexia sofre mais no período da alfabetização, devido a sua péssima memória fonética e dificuldade no aprendizado.

Aproveite e leia o nosso artigo “DISLEXIA tem Cura? Quais são os Sintomas?“, você irá gostar.

Os Canais de Percepção Sensorial dos Cinestésicos

Vamos falar agora um pouco sobre os cinestésicos, que são diferentes dos sinestésicos de certa forma, porém tem algumas semelhanças.

Na comunicação existem basicamente três canais de percepção sensorial:

– Visual,
– Auditivo e
– Cinestésico

É normal as pessoas darem preferência a um destes canais.

Visual, Auditivo e Cinestésico

São tipos de memória diferentes entre o visual, auditivo e cinestésico. Por isso se adaptam melhor a formas diferentes de aprendizagem.

A pessoa Visual prefere assistir VÍDEOS ou aplicativos como o YouTube ou TikTok.

Quem é Auditivo prefere PODCASTS, mas faz também uso de vídeos e YouTube para aprender.

O Cinestésico prefere TRABALHOS MANUAIS para fixar melhor as informações.

É comum darmos preferência para um canal ou este canal naturalmente vai se destacando com a idade, e se tornando importante no nosso aprendizado.

Por exemplo, o VISUAL aprende melhor lendo e escrevendo textos, vendo gráficos e ilustrações, para se concentrar precisa de silêncio.

O AUDITIVO também se concentra melhor no silêncio e prefere ouvir atentamente o professor explicando uma matéria. Em alguns casos gostam de ler em voz alta enquanto estudam.

O CINESTÉSICO em geral gosta de ouvir músicas, enquanto está estudando, para conseguir aprender e fixar melhor a matéria.

Portanto para o cinestésico não basta ouvir o professor ensinando e nem ler textos ou ver ilustrações, eles precisam colocar a mão na massa, precisam colocar na prática aquilo que aprendem.

Em geral aqueles que tem cinestesia não gostam de ficar parados e por isso podem apresentar déficit de atenção em alguns casos.

Exemplos Práticos para Visuais, Auditivos e Cinestésicos

Cada um terá preferência por um canal, mas as vezes o visual ou o auditivo pode demostrar algumas características de cinestésico.

Assim como mostrado neste vídeo do YouTube, papagaios e outras aves ao ouvirem música ficam motivadas a “dançar”.

Estudos comprovam que este tipo de pássaro, tem praticamente a reação de uma criança de 2 a 3 anos ao ouvir uma música que “mexe” com a gente.

Em outras palavras, ele não foi treinado para fazer isso, ele está reagindo de forma instintiva a música. O cinestésico precisa se movimentar e dançar para “ouvir” melhor a música.

Na verdade a dança mexe com os 3 canais: visual, auditivo e cinestésico, por isso agrada a todos.

Atividades para o Aluno com Cinestesia em Sala de Aula

O educador precisa ficar atento a essas características em seus alunos em sala de aula.

Em conclusão, o ideal é ensinar usando os 3 canais de percepção: o visual, o auditivo e o cinestésico.

O educador quando fala está ajudando os auditivos, quando escreve está ajudando aqueles que são visuais e quando coloca a “mão na massa” ajuda os cinestésicos.

O cinestésico gosta de trabalhos manuais e atividades de laboratório, mas em geral não gosta de fazer provas escritas ou orais, é um verdadeiro desafio.

Sinestesia ou Cinestesia?

Às vezes paralisar a aula e praticar alguma atividade física é de ajuda.

Dessa forma, quem tem cinestesia vai tirar proveito do movimento corporal e os outros alunos poderão oxigenar melhor o cérebro.

Assim poderão mudar de atividade por algum tempo e voltar com outro ânimo.

Aparentemente pode parecer uma “perda de tempo”. Mas observa-se a reação positiva dos alunos e um melhor aproveitamento da classe.

Esse foi um dos pontos que discuti com detalhes na minha tese de doutorado. Experimente fazer isso!

Livro Recomendado sobre Sinestesia

A nossa recomendação é um livro em inglês, que aborda os vários aspectos da Sinestesia, o título é “Wednesday Is Indigo Blue: Discovering the Brain of Synesthesia

Numa tradução livre seria algo como “Quarta-feira é azul índigo: descobrindo o cérebro da sinestesia”

Uma pessoa com sinestesia pode sentir a letra “J” como magenta cintilante ou o número “5” como verde esmeralda, ouvir e provar a voz do marido como um marrom dourado amanteigado.

Os sinestetas raramente falam sobre seu dom sensorial peculiar, acreditando que todos os outros sentem o mundo exatamente como eles, ou que ninguém mais sente, é muito comum isso entre os artistas.

Um sinesteta famoso foi o romancista Vladimir Nabokov, que insistiu, desde criança, que as cores de seus blocos de madeira do alfabeto estavam “todas erradas”.

Sua mãe entendeu exatamente o que ele quis dizer porque ela também tinha sinestesia. O filho de Nabokov, Dmitri, que reconta essa história no posfácio deste livro, também é um sinesteta.

Hoje, cientistas em quinze países estão explorando a sinestesia e como ela está mudando a visão tradicional de como o cérebro funciona. Não é um distúrbio, mas um traço neurológico.

A realidade é mais subjetiva do que a maioria das pessoas imagina. Não é mera curiosidade, a sinestesia é uma janela para a mente e o cérebro, destacando as incríveis diferenças na forma como as pessoas veem o mundo.

Veja nesta exposição da Revista Super Interessante sobre alguns artistas e famosos que manifestam formas pessoais e diferentes de sinestesia.

Livro Recomendado sobre Cinestesia

O livro “Jogos para a estimulação das múltiplas inteligências” de Celso Antunes propõe mais de 330 jogos para trabalharmos com múltiplas inteligências, inclusive com o cinestésico.

É uma obra destinada a professores, estudantes de magistério e pedagogia, psicólogos, orientadores educacionais, pais e profissionais de RH.

DICA: Veja esta reportagem da Revista Época sobre a Sinestesia (“Por dentro do cérebro de um sinestésico“).

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