Não tenha medo de errar, os erros são os degraus da escada do sucesso. Aprender com os erros é uma oportunidade de aprendizado e crescimento.
O que me chamou atenção num vídeo da Revista ÉPOCA foi o comentário de uma aluna que agora com a tecnologia em sala de aula, ela podia “ERRAR” !!
O vídeo “Aula Interativa, A Opinião de Quem Participa” destaca a experiência das escolas públicas de Hortolândia (SP) com o uso da lousa digital.
Eu destaco esse processo do erro no material de concepção da minha tese de Doutorado que intitulei como: “A Virtude de Errar” que exponho abaixo:
O QUE VOCÊ VERÁ NESTE ARTIGO:
Tese de Doutorado sobre “A Virtude de Errar”
Do ponto de vista didático e pedagógico, presume-se que a forma como a antiga sociedade grega lidava com problemas seja bastante útil em sala de aula.
Se Zenão de Eleia vivesse nos dias atuais, com certeza, ao apresentar os seus clássicos paradoxos seria martirizado por muitos.
Era como se a sociedade grega estimulasse o erro, na discussão filosófica.
Assim poderiam ver todas as possibilidades, todas as formas de ver um certo problema ou cenário, para depois chegar nas possíveis conclusões.
Não é a toa que essa sociedade evoluiu tanto em várias áreas das ciências.
O Que Especialistas Dizem a Respeito do Erro?
Conforme CELESTE (2006) afirma:
“É esquecido que o aluno pode aprender com o erro, ou seja, errar deveria ser visto como uma condição natural no processo de construção do conhecimento”.
O matemático e poeta dinamarquês Piet Hein (Kumbel), que tem como uma das suas principais descobertas o “Cubo Soma” (abaixo explicamos o que é “Cubo Soma”), expressou em um poema:
“O caminho para a sabedoria?
Bem, é fácil e simples de se expressar:
Errar, errar e errar novamente…
Mas, cada vez menos, menos e menos…”
Do original em inglês:
“The road to wisdom?
Well, it’s plain and simple to express:
Err and err and err again…
But less and less and less…”
Deveria existir em todas as salas de aulas uma placa bem grande em sua entrada com os seguintes dizeres:
“Aqui é Permitido Errar !!”
Afinal, não é errando que se aprende? Adaptamos à nossa realidade educacional o artigo: “É Errando que se Aprende: Saiba tirar o Melhor do seu Erro“.
Em relação a isso, no livro “Fomos Maus Alunos” de Gilberto Dimenstein e Rubem Alves, a certa altura Dimenstein cita:
“Estou convencido, pela minha vida pessoal, de que você não aprende com o acerto, você aprende é com o erro”.
Nessa obra, Gilberto Dimenstein e Rubem Alves nos convidam não apenas a pensar sobre a nossa educação, como também a retomá-la.
O Que é “Cubo Soma” e Algumas Curiosidades
O Cubo Soma é bem diferente do famoso Cubo Mágico de Rubik, é um dos três quebra-cabeças tridimensional desenvolvido por Piet Hein, em 1936.
Ela consiste na construção de um cubo com sete peças que são muito parecidas com as peças do jogo clássico “Tetris”.
Este quebra-cabeça em 3D tem cerca de 240 formas diferentes de ser resolvido, conforme ilustrado abaixo:
Estimule o Brainstorming em Sala de Aula
Aprendemos muito mais com os erros, do que com os acertos.
Se ao questionarmos com os alunos uma solução, ao pedir possíveis respostas erradas podemos estar obtendo mais pontos significativos do que ao contrário.
Estaremos indiretamente aplicando as regras do “Brainstorming” conforme a nossa experiência acadêmica.
Na “tempestade de ideias” deve-se passar por duas fases, uma de captação geral sem críticas, e no final uma análise mais seletiva.
- A primeira permite o desenvolvimento da criatividade, e a visão de novas formas de pensar e de ver o mesmo problema.
- A segunda é um processo seletivo aonde na confrontação e eliminação das ideias geradas na primeira fase, chega-se naquelas de maior poder de solução.
Em resumo, a primeira etapa privilegia a quantidade e a criatividade e a segunda etapa a razão e a viabilidade das ideias.
A Maioria dos Problemas Não Tem Uma Única Resposta
Na Revista Vida Simples n.20 (01/09/2004) lemos:
“A criança tem suas teorias particulares sobre o mundo. Se ao testar alguma, for simplesmente recriminada sem receber nenhuma explicação para a censura. Com certeza não compreenderá o porque de não ser verdadeira sua teoria e porque é considerada um erro.”
Sabe qual o resultado da criança que é censurada pelos seus erros, sem receber alguma explicação ou orientação?
O escritor do artigo, da revista citada acima, acrescenta:
“Quando isso acontece, ela passa a ter medo de testar novas experiências, ou seja, passa a ter medo de errar. Com isso diminui tanto o número de erros quanto o de acertos e, pior, a possibilidade de aprender.”
E conclui:
“Desta forma acaba internalizando esse sentimento, carregando-o pelo resto da vida. Quando adulto, deixará de fazer coisas por MEDO DE ERRAR.”
Embora a sociedade atual vise a colaboração e cooperação, nem a escola e nem a universidade acompanham tal movimento.
Ainda estimula os alunos a darem uma única resposta para tudo, e ai daqueles que dão respostas erradas conforme afirma VON OECH (1988).
Basta citar alguns exemplos, como o SAEB (Sistema de Avaliação da Educação Básica) e o próprio vestibular, como isso ainda está muito presente em nossos dias.
A resolução de problemas com múltiplas soluções é defendida por Schoenfel (1996), pois possibilita ao aluno quebrar o paradigma da SOLUÇÃO ÚNICA.
No mundo real, temos mais problemas com múltiplas soluções do que com uma única resposta, e o aluno tem que ter ferramentas para resolvê-los.
Inclusive escrevemos um artigo “Quais os 20 Melhores Aplicativos Educacionais?” que podem ajudar os alunos a encontrar soluções inovadoras.
Recomendação de Livro
A nossa recomendação de leitura infantil é “O Menino que Tinha Medo de Errar” de Andrea Viviana Taubman.
O livro fala de Pedro, um menino que vive preocupado, com medo de errar.
Prefere passar os dias sozinho, confinado em sua casa, a aproveitar a companhia dos amigos, porque tem medo de fazer alguma coisa errada nas brincadeiras.
A escola, então, é uma preocupação sem fim para ele! Um lugar onde não faltam oportunidades para cometer deslizes.
Mas com a ajuda de uma fada, Pedro percebe que viver reprimido o impede de experimentar momentos incríveis.
Estimule a ver os Problemas Clássicos com Novos Olhares
Logo, o professor deveria estimular não de imediato uma possível “resposta correta”, mas sim descobrir o que os alunos pensam a respeito.
A partir das respostas dos alunos, fica mais fácil entender como o aluno está pensando com respeito aquela temática.
O professor pode conseguir dessa forma eliminar alguns bloqueios epistemológicos, e descobrir mais adequadamente a fonte deles.
Estimular a Iniciativa é importante, por isso escrevemos o artigo “Tenha Mais Iniciativa com estas 7 Dicas“, isso inclui vários aspectos da vida.
Ninguém quer errar em público, mas ao se pedir uma “resposta errada”, o aluno fica mais a vontade para se expressar, sem medo de errar. Fica até divertido um olhar mais criativo na questão.
Assim temos por hipótese que o professor deva procurar na classe, junto a seus alunos, possíveis respostas que pareçam erradas.
Depois, através de discussões sobre as diferentes respostas, deixar que os alunos caminhem para as soluções clássicas.
Nesse processo, pode-se encontrar soluções inovadoras dos alunos, o que provocará muitas vezes em alguns professores uma reação comedida.
Mas, deve-se devido as características do nosso século, estimular no aluno o desenvolvimento de novas formas de ver os velhos problemas.